O batizado da Maria
A porta se abriu, e antes mesmo de pisar para dentro, já fui recebida por um pequeno anfitrião —um menino de três anos com um sorriso iluminado, ele me anunciou, sem titubear: “Hoje é o Dia do Amigo!” E com essa verdade incontestável, me puxou para dentro, sem dar tempo para dúvidas.
Lá dentro, a dona da festa—uma bebé engraçadíssima de um ano—já conquistou-me na fofura.
Famílias bonitas não são só aquelas de casas lindas e pais apaixonados (embora, nesse caso, tudo isso estivesse presente). Famílias bonitas são aquelas onde o riso das crianças ecoa como prece, onde os abraços são um idioma próprio e o amor é um verbo na prática.
“A essência do amor é permitir que aqueles que amamos sejam eles mesmos e não os projetarmos em nossa própria imagem”, diz bell hooks. E nessa casa, o amor parecia uma coisa que se aprende vivendo, que se ensina sem esforço, que se espalha no ar como cheiro de bolo assando.
O mais curioso? Antes mesmo dessa recepção, eu já tinha acordado com o coração expandido. Estava tão feliz, tão bem-humorada, que mandei mensagem ao meu melhor amigo dizendo que ele é incrível e que, quando estou com ele, parece que estou dentro de um arco-íris feliz.No caminho, do nada, senti vontade de dizer a uma amiga: “sou feliz em te ter como amiga. Gratuitamente. Sem motivo. Só porque sim.
Talvez esse menino de três anos soubesse de algo que eu só percebi depois. Se calhar, era mesmo o Dia do Amigo. E, sem aviso ou decreto oficial, foi um dia bonito de amor.
Saí de lá com a alma quente e a certeza de que o amor, para existir, precisa de espaço para ser dito, vivido, repetido. E, se possível, proclamado por uma criança que sabe das coisas.




























































